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Reflexões sobre a Segurança Viária em Pequenos Municípios

Como a Negligência no Trânsito Afeta Comunidades e Exige Ação

Por Paulo Marcelo em 27/10/2024 às 14:32:19


Recentemente, um trágico acidente na rodovia SE-170 resultou na morte de um casal, reavivando discussões sobre a segurança no trânsito em pequenas cidades do estado. Este incidente não é um caso isolado, mas sim um reflexo de uma realidade alarmante que afeta muitas comunidades.

Estatísticas do CONATRAN revelam que, em 2023, Sergipe registrou aproximadamente 2.500 acidentes de trânsito, e os dados de 2024 indicam que essa cifra continua a crescer. Os índices de mortalidade têm se mantido elevados, mostrando que a segurança viária é uma preocupação constante.

Com mais de 20 anos de experiência ao volante, reconheço que dirigir é um aprendizado contínuo. Todos os dias, estou reaprendendo que essa atividade não se trata apenas de mim, mas também dos outros no trânsito. Essa perspectiva é fundamental para entendermos a responsabilidade que todos temos ao dirigir. Um aspecto que se destaca é a normalização de comportamentos de risco, como a condução de veículos por menores sem habilitação e a ausência de capacetes para motociclistas. É comum ver crianças e adolescentes pilotando motos sem o uso de capacetes, o que cria um ambiente perigoso. Essa prática é alimentada pela falta de fiscalização e educação sobre as normas de trânsito.


Além disso, muitos interiores carecem de sinalização adequada, com placas que muitas vezes não são visíveis ou não estão presentes. A ausência de conscientização nas escolas e a falta de cobrança dentro das instituições públicas que deveriam fiscalizar e garantir a segurança viária são preocupantes. É imprescindível que as boas práticas adotadas em grandes municípios sejam replicadas nos pequenos, independentemente do número de habitantes.

A Lei Federal nº 9.503 de 1997, que institui o Código de Trânsito Brasileiro, determina que a responsabilidade pela fiscalização do trânsito é compartilhada entre União, Estados e Municípios. Contudo, muitos pequenos municípios não possuem secretarias de fiscalização, transporte e trânsito, o que limita a implementação de políticas eficazes. A falta de interesse em criar essas secretarias pode ser atribuída a diversos fatores, como a priorização de outras áreas ou a falta de conhecimento sobre a importância da segurança no trânsito.

A ausência de fiscalização adequada e a falta de vontade política para instituir esses órgãos revelam uma omissão das autoridades. Essa realidade demanda uma reflexão crítica sobre a responsabilidade dos gestores públicos, tanto os vereadores quanto os prefeitos, em garantir a segurança viária e a aplicação da legislação.

A urgência de um trabalho conjunto entre autoridades e comunidade é clara. As estratégias de educação no trânsito devem ser acompanhadas de medidas de coação, como multas e penalizações, para que os motoristas sejam responsabilizados por suas ações. A coesão social é muito mais forte do que a coerção, e isso deve ser considerado na abordagem de campanhas de conscientização.

''Do ponto de vista psicológico, a resistência de algumas pessoas em usar equipamentos de segurança, como capacetes e cintos de segurança, pode ser atribuída a uma série de fatores. A teoria da dissonância cognitiva sugere que indivíduos podem ignorar informações que contradizem suas crenças ou comportamentos. Por exemplo, muitos podem acreditar que um acidente "nunca acontecerá" com eles, levando à desconsideração das precauções de segurança. Além disso, o efeito de grupo e a normalização de comportamentos arriscados podem influenciar a decisão de não usar equipamentos de proteção, especialmente entre os jovens, que frequentemente se sentem invulneráveis.''

É crucial que as campanhas de conscientização incluam uma abordagem que trate esses aspectos psicológicos, ajudando as pessoas a entenderem a importância da segurança e a internalizarem a necessidade de proteção ao dirigir ou pilotar. As instituições devem investir em educação que vá além do mero cumprimento das regras, promovendo uma cultura de responsabilidade e cuidado.

A recente tragédia deve servir como um alerta para todos nós. É fundamental que a sociedade, em conjunto com as autoridades, busque formas de melhorar a segurança no trânsito. Somente através da conscientização, educação e fiscalização rigorosa poderemos reduzir o número de acidentes e proteger vidas.

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